sexta-feira, 18 de junho de 2010

Avós

Fui praticamente criada pelos meus Avós maternos. Pela minha Avó Maria e pelo meu Avô António.
Já não estão entre nós. A Avó já há 20 anos e o Avô há 12.
Não há um dia que não pense neles.
Nas mãos deles. As dela brancas como a cal e gordinhas, as dele queimadas pelo sol e esguias.
Lembro-me de pegar na mão do meu Avô e dele rejeitar a minha porque as dele estavam sujas do carvão das castanhas assadas que vendida na sua motoreta. Eu agarrava ainda com mais força na mão dele e apertava, apertava. E também as beijava como se não houvesse amanhã. E ele envergonhado e a tentar impedir-me...(Eu sei... sempre fui uma tonta sentimentalista... não me importo).
A Avó Maria trazia coelhos e pintaínhos para a mesa só para eu comer meio prato de sopa. Dizia para eu beber o leite rápido porque no fundo do copo estava um sapo... e eu bebia, bebia, bebia sem parar mas nunca era rápida o suficiente porque o sapo fugia sempre antes de eu acabar. A primeira vez que comi uma carcaça inteira tinha 10 anos. Ela chorou de felicidade. ('Tadinha, ela lá fundo achava que eu não não chegava à puberdade).
Nunca mais ninguém fez destas coisas por mim, além dos papás. Eles foram os meus outros pais.
A minha personalidade foi moldada pela deles. Sem dúvida alguma.
Foram... e serão sempre os MEUS AVÓS. Nunca tive, nem tenho mais nenhuns.
Se me perguntarem "Então e os avós paternos? Já não tens?" - Tenho, mas são apenas aqueles senhores que tiveram o meu Pai.
Gosto deles, bastante até. Mas não os sinto, nem nunca senti, como os outros avós. Por isso não são os de coração. São apenas de sangue. Paciência! Quem diz a verdade não merece castigo. É assim que os sinto, ponto final.

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